Madeira para Construção Civil: Mercado Desabastecido

Hoje, o setor que mais utiliza madeira processada mecanicamente no Brasil é o da construção civil, com 21% das vendas. Esse segmento poderia representar muito mais se o país tivesse o hábito de utilizar estruturas de madeira ao invés de estruturas metálicas. Nos Estados Unidos, 85% das casas são feitas de madeira, no Brasil não chegam a 20%.

A madeira do gênero pinus é a principal matéria-prima do setor de processamento mecânico de madeira, que hoje emprega 1,5 milhões de pessoas e representa 1,5% do PIB. Importando muito pouco, o Brasil tem um lucro líquido de US$ 4,5 bilhões na balança comercial, sendo US$ 1,5 bilhões em exportações. Para 2003, a projeção é que esse volume de negócios de produtos fabricados a partir da madeira processada mecanicamente duplique. Isso inclui compensados, laminados, pisos, molduras, componentes, portas e madeiras serradas.

No entanto não é difícil prever a falta de madeira no mercado, principalmente na construção civil que consome muito mais madeira que se imagina.

Vale lembrar que a construção civil utiliza ainda madeira que não são permanentes, como “pé-direito”, tábuas para andaimes, formas, ect…

Em contrapartida a tudo isso está o déficit de plantio do gênero Pinus. A região Sul possui em torno de 950 mil Hectares de Pinus, sendo que desse total 650 mil estão no Paraná e 150 mil em Santa Catarina. Conforme o Inventario Florestal do Rio Grande do Sul realizado pela UFSM, o estado possui 153.360 hectares de Pinus, ou seja, 0,54% da cobertura do estado.

No RS os reflorestamentos em grandes escalas de espécies exóticas se resumem a empresas do setor florestal que consome madeira para produção de celulose, papel e móveis. Atualmente existem apenas duas regiões produtoras de madeira de Pinus para fins da construção civil. Ou a madeira vem da serra gaúcha ou do Sul do estado, onde os plantios foram realizados sem o devido manejo e hoje temos uma madeira de baixa qualidade com muitos nós e pequenos diâmetros. O incremento médio anual é de 18,28m³/ha/ano e o diâmetro médio é de 21,2 cm, índices de produtividade muito abaixo de um consumo crescente que temos no estado. Já é visível a preocupação dos donos de madeireira por falta de oferta de madeira deste gênero.

Há uma grande dificuldade de implantação de florestas nas propriedades rurais do RS. O incentivo por parte do governo é algo muito discutido, mas temos exemplos nos nossos vizinhos Argentina e Uruguai, países que realizaram o incentivo do plantio de florestas e hoje possuem uma produção de madeira na divisa com RS invejável pela tecnologia aplicada e investimentos. Mas com certeza o maior mérito está na instalação de empresas internacionais gerando emprego e desenvolvimento a regiões muito pobres como o Nordeste da Argentina. Empresas chilenas são as grandes responsáveis por esse desenvolvimento.

Engº. Fital. Edison Bisognin Cantareli

Fonte: Informativo CREA-RS